Para ti minha linda, a mais linda de todas as mães... acabei de falar contigo pelo telefone,morro de saudades tuas, mas como estamos longe uma da outra, e por isso não te posso dar beijos a cores e em 3 dimensões até ao final de Maio, ofereço-te este poema de José Letria. Fez-me lembrar quando dizes, que tens saudades nossas quando eramos pequeninos. 
Quando Eu For Pequeno 
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz na campânula de som dos meus dias 
inquietos, apressados, fustigados pelo medo. 
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado 
e o cansaço da subida 
me entregarão ao sossego do sono. 
Quando eu for pequeno, mãe, 
os teus olhos voltarão a ver 
nem que seja o fio do destino desenhado por uma estrela cadente 
no cetim azul das tardes sobre a baía dos veleiros imaginados. 
Quando eu for pequeno, mãe, 
nenhum de nós falará da morte, 
a não ser para confirmarmos 
que ela só vem quando a chamamos 
e que os animais fazem um círculo 
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe, 
trarei as papoilas e os búzios 
para a tua mesa de tricotar encontros, 
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar 
enquanto o pai ao longe nos acena, 
lenço branco na mão com as iniciais bordadas, 
José Jorge Letria, in "O Livro Branco da Melancolia" 
 
 
 
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